Levantamento da Sociedade Brasileira de Urologia também aponta que 62% já usaram estimulantes contra disfunção erétil sem indicação médica
O medo, juntamente com a falta de tempo foram motivos apresentados por homens que não costumam ir ao urologista em uma pesquisa apresentada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). Um levantamento apontou que 51% dos 3.200 homens entrevistados nunca foram ao urologista.
A pesquisa foi feita em oito capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Curitiba, Salvador e Recife, e foram ouvidos 400 homens de cada cidade. Um dado que surpreendeu foi o alto índice de automedicação em casos de disfunção erétil.
"A pesquisa mostrou que 62% dos homens usaram estimulantes sem indicação médica, dos quais 41% por recomendação de amigos e 47% com o objetivo de aumentar o apetite sexual", informou Carlos Sacomani, diretor de comunicação da Sociedade Brasileiro de Urologia (SBU), que apresentou os dados.
Cerca de 2.272 entrevistados – 71% dos homens - não sabem quais os sintomas da andropausa, denominação popular para o distúrbio androgênico do envelhecimento masculino, que é uma das causas da disfunção erétil. "Entre os sintomas, estão a diminuição da libido, depressão, distúrbios do sono, redução da força e da massa muscular", explicou Sacomani.
Foram ouvidos homens com mais de 35 anos e cerca de 2.130 entrevistados estão com mais de 45 anos, idade que os pacientes começam a procurar especialistas em saúde masculina.
Comentários Dr. Danilo Pinheiro
O acesso à informação e a facilidade de pesquisas de qualidade tem contrastado com um número ainda considerável de homens que não procuram atendimento médico, utilizando de automedicação para tratamentos urológicos.
Através de campanhas da Sociedade Brasileira de Urologia, como o Novembro Azul, os médicos procuram diminuir este contingente de pacientes fora de tratamentos adequados e carentes de informação de qualidade.
O Novembro Azul tem como objetivo alertar a população a respeito da importância de realizar o exame próstata em homens acima de 50 anos.
Com a prevenção realizada, conseguimos detectar o câncer de próstata em estágios onde o tratamento médico será curativo, evitando-se assim mortes pelo câncer.
Não é raro diagnosticarmos tumores avançados e muitas vezes incuráveis em homens acima de 60 anos. Este avanço não seria encontrado se o câncer fosse encontrado e tratado mais cedo. Em levantamentos de tipos de cânceres de próstata foi observado que cerca de 15% são pouco agressivos, não necessitando de tratamentos complementares (estes já identificáveis atualmente), 60% são doenças agressivas, mas curáveis se forem tratadas no momento certo e 25% são extremamente agressivas e avançadas desde o seu diagnóstico.
Estes dados deixam claro que vale a pena salvar os 60% de homens potencialmente curáveis com o rastreamento de câncer de próstata. Aqueles 15% em que teoricamente seria desnecessária esta investigação devem ser orientados e seguidos de forma menos invasiva possível.
Estudo realizado na Europa, concluiu que de cada cem homens que morreriam pelo câncer de próstata, vinte e sete terão a vida preservada se fizerem os exames recomendados.
Tendo em vista exatamente este ganho de sobrevida dos pacientes submetidos ao rastreamento do câncer de próstata, a Sociedade Brasileira de Urologia, American Urological Association, e a European Association of Urology recomendam o acompanhamento anual de homens acima de 50 anos e acima de 45 anos àqueles com fatores de risco, como a história familiar.